segunda-feira, 25 de abril de 2011

Lula, Ivete e até Jorge Amado: O Brasil em Buenos Aires


Entre os 1.500 stands da Feira do Livro de Buenos Aires, está lá, discreta, a tenda de livros do Brasil, montada pela embaixada na Argentina. É quase do tamanho do stand da Ucrânia, desanimador perto dos do Paraguai e do Chile, bem maiores. A nossa homenageia Jorge Amado, que morreu há 10 anos. Mas quem brilha por lá é Lula.
Jorge Amado está estampado em fotos nas paredes da tenda. Estão muitos dos seus livros, traduzidos em espanhol, italiano, francês e alemão. Ele e Clarice Lispector são uns dos escritores brasileiros mais lidos na Argentina.
O escritor baiano divide o espaço e a atenção com uma conterrânea, Ivete Sangalo, que pulava num show exibido numa TV de tela plana no centro da tenda. Aliás, por toda Buenos Aires é possível esbarrar com Ivete, impressa em posters gigantes nas lojas de livros e CDs.
Mas, na verdade, o que primeiro reconheci, ainda de longe, foi o rosto do ex-presidente, que, pelo menos aqui na Argentina, estampa a capa do livro de Emir Sader e Marco Aurélio Garcia "Brasil, entre o passado e o futuro". Na versão brasileira, editada Boitempo Editorial, a capa não tem Lula. É clara com uma estrela vermelha no centro.
O livro dos dois governistas não ganhou tanto destaque no Brasil quanto aqui em Buenos Aires, onde está em todas as gôndolas de destaque das livrarias da avenida Corrientes.
A Argentina tem uma cultura - muito maior que a nossa - de consumir livros-reportagem e biografias instantâneas. Cristina Kircher ainda nem deixou o governo e já tem pelo menos duas biografias sendo vendidas. Nestor Kirchner, morto em outubro do ano passado, também é tema de um sem-número de livros, autorizados ou não.
E Lula, mesmo recém-saído do Poder, desperta muito interesse dos argentinos. Desde que cheguei aqui, há três meses, não devo ter passado um dia sem ouvir uma pergunta sobre ele e a política brasileira.
Todos querem saber que tipo de governante ele foi, o que esperamos da presidente Dilma Rousseff, e também opinam sobre toda sorte de assunto, às vezes, desinformados.
Uns dizem que a educação no Brasil funciona porque os ricos pagam mensalidade nas universidades públicas. Outros, falam que o Brasil deu certo e a Argentina, não, porque nossos políticos não são corruptos, os deles, sim.
Outra diferenca entre Brasil e Argentina, é que as pesquisas apontam que os argentinos leem, em media, até quatro vezes mais que os brasileiros.
Com a curiosidade latino-americana em torno de Lula, é logico que os argentinos corram às livrarias atrás de livros sobre ele. O ruim é encontrarem nada ou tão pouco. E do pouco, encontrarem apenas uma parte da história.

Postado por: Jordan De Luka       Fonte:Terra Magazine

Nenhum comentário:

Postar um comentário